sexta-feira, 15 de agosto de 2008

União de Tomar 1993/94 e 1994/95

O União de Tomar é a par do Torres Novas os clubes que mais saudades me deixaram (o Sporting é um caso à parte). Foram 2 anos muito bons onde aprendi muito mesmo. Estava naquela idade dificil (dos 14 aos 16) mas com facilidade me adaptei ao clube, aos colegas e ao vai-vém das viagens.


No 1º ano de juvenil não joguei o prentendido derivado à polémica transferência do CADE para o União, mas foi bom porque participar num campeonato nacional é sempre um honra, assim como representar o União de Tomar, clube onde Eusébio ainda jogou uma época no final da carreira.

Nesse 1º ano o mister era o Alcidio (antigo médio centro do União) e era uma pessoa rigorosa mas também bastante brincalhão quando assim o entendia, a trabalhar é que não havia baldas até porque tinhas um preparador fisico (prof. Coelho) que tinha saído do ISEF e vinha com o pedal todo...eram sempre grandes malhas á 3ª feira. Mas foi bom.

O 2º ano foi excelente para mim, titular em todos os jogos acabei o campeonato com 10 golos. Nesse ano jogava com o nº8, sempre nas costas do avançado (era o Carrão) como gosto, fiz muitas assistências para golo e tinhamos uma bela equipa. Nesse ano havia já jogado contra o CADE no Entroncamento e perdemos por 1-0 com um golo do "Lucas". Como devem de imaginar o jogo não foi nada jeitoso mas o melhor estava reservado para quando eles fossem a Tomar ao "Álvito"(nosso campo nos jogos em casa).

Recebemos o CADE e até á data eles eram invenciveis e sem qualquer golo sofrido!!! Iamos na 2ª volta e faltavam cerca de 4/5 jogos para o fim. Eles tinham uma bela equipa mas nesse dia o jogo tinha de ser meu. No inicio lá estavamos a aquecer, o campo estava cheio de pessoas de Tomar e do Entroncamento, era um derbi, o melhor do distrito e a equipa de arbitragem começou a aquecer também. Quando vi os árbitros, reparei que um era o Joaquim Rodrigues (Nerú) da Azinhaga e um dos Fiscais de linha era o João Luís (Bate n ´avó) que era continuo na escola da Golegã. Do outro lado do campo estava a direcção do CADE em peso, aqueles que me haviam feito a vida negra e que eu estava desejoso de "vingança".

Entretanto começou o jogo e ouvi logo do banco: "Tuca, é esse aí, o 8, nunca lhe dês espaço". Senti naquele instante que iria ter um policia só para não me deixar jogar, que iria ser a minha sombra fosse para qualquer parte do campo. A solução foi ir jogando sempre de 1ª e sempre que tivesse algum espaço aí sim iria para cima do adversário. O jogo foi de muita luta com poucas ocasiões de golo de parte a parte e lá estava o intervalo. Fomos descansar, o mister Marques Alves lá falou conosco sempre com aquele entusiasmo todo e a bracejar muito (até parecia que andava no teatro), lembro-me que me pediu para não entrar no jogo deles e para não me agarrar á bola. Assim fiz e lá fomos para a 2ª parte da guerra depois do merecido descanso.

Começámos como tinhamos acabado, muita entrega, muita luta e oportunidades nada...faltava cerca de 15 minutos para o fim e o Leandro (mais tarde meu colega em Alcanena) quase marcou. O jogo entrou num periodo qu podia ser golo em qualquer uma das balizas, o Carrão depois de um cruzamento do Pedrito quase que marcou, mas a sorte não nos sorria.

Levantada a placa de compensação (5minutos) o jogo ainda ficou mais rápido e num contra-ataque nosso o Marco (médio esquerdo) ganhou um canto. O Pimenta marcou o canto do lado esquerdo do nosso ataque, cruzou para o 1º poste e um defesa cortou enviando a bola para a direcção do Pimenta. Eu estava à entrada da área e pedi a bola ao Pimenta, ele levantou a cabeça e fez-me um passe na diagonal, antes da bola chegar ao meus pés consegui ouvir o meu pai a dizer: "vai, atira!". Então eu de 1ª com a bola à altura do meu joelho rematei de "trivela" para o ângulo mais distante da baliza do guardião Nando. Foi um golão, era o momento mais feliz da minha vida, veio-me tudo á cabeça, desde as reuniões com o CADE, aos problemas da carta, a ida para a Chamusca, etc. Nesse momento com a multidão a aplaudir e eu com o meus colegas a correrem atrás de mim para festejarem o golo, eu olhei para fora do campo e vi a direcção do CADE em peso de cabeça baixa e a irem-se embora (faltavam 2 minutos para o fim), nesse momento corri na direcção deles para tentar chegar o mais perto possivel (os meus colegas ainda nem tinham conseguido festejar o golo comigo porque corri tanto que não me apanharam). Ao chegar ao pé deles gritei bem alto: "Este é dedicado a todos vós". Nem sequer tiveram reacção e para mim foi o meu momento de vingança, de raiva e de olhar para o outro lado e ver o meu pai com os irmão Nico´s a festejarem que nem uns loucos. Foi lindo aquele momento e que sensações. Para me recordar do que aconteceu até tenho o esse jogo em video e de vez em quando lá recordo aqueles momentos de glória.

Entretanto estavamos todos a festejar no nosso meio campo (o guarda redes também lá estava conosco), a bola estava no meio campo e o árbitro deu novamente sinal de partida e nós sem o a equipa nos lugares e muito menos o guarda redes que estava na linha ao pé de mim. Foi um stress porque quase que eles empatavam o jogo. Felizmente o árbitro deu por findo o derbi. Era a 1ª derrota do CADE, era o 1º golo sofrido e o felizardo tinha sido eu que tanto mereci por ter aquele momento.

No fim todos os meus colegas me abraçaram e o jogador do CADE que me marcou o jogo, chegou ao pé de mim e disse: "Contente, os meus parabéns". Curiosamente 2 anos depois o "Tuca" era meu colega de equipa no Torres Novas.

Nesse ano fiquei em 2º nos melhores marcadores e fui eleito jogador do ano dos juvenis com um troféu que me foi entregue pelo Presidente do União na altura (o Sr. Boavida) no encerramento da época.

De há 2 anos a esta parte fazemos sempre no 2º sábado de Junho o encontro de "amigos" das épocas 93/94 e 94/95.

1 comentário:

Zeca disse...

Amigo gostei da estruturação do teu blog, continua.
Espero ainda apanhar-te como adversário :) para te poder dar umas cacetadas valentes :))) Um grande abraço. Zeca